DEVANEIOS NOTURNOS: METÁFORAS CANINAS

"Expressões Caninas" feitos durante pesquisa no projeto Galiléia
É preferível ser um cachorro vira-lata a um cão com pedigree. Bem nascidos e bem relacionados, os cães de raça pura são escravos de si mesmos e, principalmente, de sua vaidade. Isolam-se na medida do possível daqueles com quem são obrigados a conviver – para ostentar um certo ar de superioridade. Mas martirizam-se com isso, ainda que involuntariamente, porque deixam de lado sua essência canina para viver um personagem – transitório e superficial. Cercam-se de cuidados extremos e, às vezes, obsessivos. Tudo para não perder o status de cão de raça. E são, por isso, infelizes. Adoecem com mais freqüência e morrem mais cedo.
Já os vira-latas são exatamente o oposto. Por terem ciência de sua humildade genealógica, apegam-se ao que de fato interessa na vida: o que lhes faz felizes (a despeito do que os outros possam pensar). Por não terem quem lhes apadrinhem ou os superprotejam, os vira-latas aprendem cedo a se virar. A ausência de uma estirpe nobre os obriga, desde cedo, a valer-se da esperteza. Mas não da esperteza promíscua dos cães que transitam pelas altas rodas caninas, mas, sim, da esperteza para sobrevivência, inocente, por um lado, e surpreendente, por vários outros.
O vira-lata vive a vida em sua totalidade, apesar de todas as restrições sociais que o rodeiam. E vive mais feliz. E vive mais.


(WAGNER VASCONCELOS)

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