Em entrevista ao O Imparcial, Flávio Dino reconhece que “Via Alternativa é legítima”


O presidente da Embratur e pré-candidato a governador do Maranhão, Flávio Dino, concedeu uma interessante entrevista ao jornalO Imparcial (embora não tenha tido maiores repercussões na blogosfera nativa).
A maioria das questões tratados pelos jornalistas Raimundo BorgesDiego Emir está relacionada ao trabalho do comunista frente a Embratur. Mas, não obstante o seu bom desempenho no comando da estatal do turismo relevado na entrevista,  para os maranhenses, de uma forma em geral, o importante mesmo é a abordagem política em relação às eleições 2014.
Nesse sentido, Flávio Dino mostrou-se sereno ao menos em dois momentos da entrevista: primeiro quando reconhece que “ninguém é candidato a governador sozinho”, e , segundo, pelo falto de admitir a legitimidade  da chamada “Via Alternativa”, espécie de terceira via, de pretender lançar chapa para as eleições ao Governo e Senado em 2014. “Eu acho que todas as alternativas são legitimas. Eu não tenho nenhuma pretensão de monopolizar o espaço da oposição. O campo da oposição é muito amplo, chegando a ser majoritário e acho que todo mundo tem o seu direito de se colocar como candidato’.
É bom lembrar que a posição de Dino em relação a essa tal “Via Alternativa” não poderia ser diferente, já que em 2010 ele disputou o governo em situação parecida, ou seja, como uma terceira opção entre a candidatura de Roseana Sarney e de Jackson Lago, numa época em que a oposição já se falava em eleição plebiscitária, tal como agora defende Flávio Dino.
Enfim, vale a pena ler a entrevista abaixo:
“A sociedade que está dizendo que a eleição será plebiscitária, por duas questões, a primeira por conta desse poder duradouro de 50 anos e segundo porque esse poder duradouro legou os piores indicadores sociais, então esse será o plebiscito, ele está posto, continuar o modelo oligárquico, ou supera-lo”
O Imparcial: O que a Embratur tem feito para minimizar o custo do turismo no Brasil e evitar que o brasileiro gaste tanto no exterior?
Flávio Dino: Esse é o principal problema que temos no crescimento do turismo, seja ele nacional ou internacional. Houve um aquecimento de demanda nos últimos anos, sobretudo em razão da melhoria de distribuição de renda da população e não houve o acompanhamento correspondente no crescimento da oferta, seja no que se refere a mercado aviação ou de hotelaria. Demanda aquecida versus oferta suficiente gera elevação dos preços, chegamos a um ponto de total de total desequilíbrio. Para exemplificar a final da Copa da Alemanha a diária média era de U$S 300 e na Africa do Sul foi de U$SS 200, hoje a tarifa média em São Paulo e no Rio de Janeiro já equivalem a esses valores.
O que fazer para reverter esse quadro, uma vez que estamos às vésperas de receber eventos importantes no país?
Nós temos que investir em dois caminhos: um é ampliar a oferta, no caso da aviação, significa romper com oligopólio, onde temos poucas empresas operando e mediante a constituição da proposta que eu tenho chamando de mercado comum atuando no mercado da America do Sul. A União Europeia fez isso e produziu excelentes resultados fazendo com que muitas empresas de baixos custos se consolidassem no mercado, o que chamamos na política de aviação, de política de ‘céus abertos’. Eu defendo essa política na America do Sul.
Como seria essa política de “céus abertos” que o senhor vem defendendo?
Nós iremos incorporar ao mercado nacional, empresas que só fazem voos internacionais, sobretudo empresas dos países vizinhos. E isso iria estabelecer uma maior concorrência. Ao lado disso a presidenta Dilma (PT) lançou um programa de aviação regional no final do ano passado, onde estão previsto o investimento de R$7 bilhões para consolidar 275 aeroportos regionais e há um subsídio econômico previsto para as empresas de aviação regional que quiserem se constituir, que pode chegar até a compra de até metade da ocupação de aeronave, visando a consolidar a criação de novas linhas. Esse é um caminho.
Quanto tempo seria necessário para implantação dessa proposta?
No caso da política de “céus abertos” pode ser imediato, eu estou defendendo que na votação do novo Código brasileiro aeronáutico, que está previsto para entrar esse ano na pauta da Câmara, para que ocorra uma legalização dessa política, atualmente é proibido. As empresas que voam hoje no Brasil tem que ser brasileiras, tem que ter 4/5, ou seja, 80% do capital na mão de brasileiros, então precisamos abrir um pouco o mercado, a fim de que, mediante o crescimento da oferta, melhorem os preços de passagem que chegou a cobranças absurdas e descompassada até com a média das tarifas internacionais, por isso hoje existe um incentivo econômico para que os brasileiros viajem ao exterior, uma vez que o mercado internacional a concorrência é maior. O cidadão que sai no Rio de Janeiro para Paris, por exemplo, tem dez opções e do Rio de Janeiro para São Luís ele tem apenas duas opções, então é claro que de acordo com a lei da oferta e procura o preço internacional comparativamente acaba sendo menor, por isso esse descompasso tem que ser corrigido com urgência.
Como a Embratur e o Ministério do Turismo trabalham nessas ações desenvolvidas para reverter esse cenário? Como é a relação?
Cada um tem o seu papel, no caso especificamente da hotelaria é a Embratur que faz essa pesquisa de preço internacional, nós comparamos dez cidades do Brasil com dez cidades fora do país e a condução política é feita pelo ministro Gastão Vieira (PMDB) junto as outras áreas de governo, então há uma sintonia, uma articulação do trabalho, fazendo com que as ações da Embratur e do Ministério alcancem o mesmo objetivo que é conseguir preço justo para os brasileiros e a vinda dos estrangeiros no Brasil.
O fato de o senhor e o Gastão Vieira participarem de grupos políticos divergentes aqui no Maranhão chega a atrapalhar essa relação?
Eu sempre digo que essa relação é igual ao futebol, aqui no Maranhão, ele (Gastão Vieira) joga em um time e eu jogo outro, mas em Brasília nós fazemos parte da seleção brasileira, ou seja, somos do mesmo governo. Então, nem eu e nem ele, renunciamos nossas posições políticas no estado e temos posicionamentos diferentes, mas atuamos juntos sob a liderança da presidenta Dilma com o mesmo programa de governo para desenvolver o Brasil e por isso temos uma boa parceria administrativa.
Todo mundo fala que o Maranhão tem um grande potencial turístico, mas na realidade isso não acontece, o que de fato falta para botar o estado na rota do turismo nacional e internacional?
Em primeiro lugar: infraestrutura. Existe um conceito no turismo que uma cidade só é boa para os turistas, quando ela é boa para os cidadãos que nela moram. Então as dificuldades que vivenciamos no dia-a-dia, como esgoto na praia, trânsito engarrafado, Centro Histórico sem condições de ser visitado, sem conservação adequada, tudo que isso vivemos diariamente, o turista também observa. Então primeiro precisamos resolver o problema de infraestrutura. É a principal questão, pois o resto vem como um efeito dominó. Não adianta fazer divulgação, sem qualificar a infraestrutura, pois isso pode ter até um efeito negativo, nós temos feito divulgação visando, mediante propostas dos municípios e do governo do estado, visando garantir lucros futuros, com a melhoria da infraestrutura.
E aqui no Maranhão essa questão do aeroporto também tem uma influência muito grande?
No caso do Maranhão nós temos um agravante, o nosso aeroporto não liga com nenhum internacional. Eu me reuni com o secretário municipal de Turismo, Lula Fylho e eu tenho insistindo muito para que o município de São Luís se qualifique no programa da Embratur, que tem um incentivo a voos charters, voos fretados, que com esse programa você cria um mercado que vai sustentar uma ligação direta, como em Fortaleza que tem voos diretos com Portugal e Italia, mas isso depois de 20 anos de construção de uma política pública de turismo, então nós precisamos de estrutura para garantir a vinda do turismo, uma melhora na divulgação, eu tenho apoiado eventos, ano passado nós apoiamos a Feira de Turismo da França, que é uma das cinco maiores do mundo, onde tivemos um stand de São Luís focado nos 400 anos, além de promover a cultura através do Boi Barrica, foi uma ação da Embratur, eles ainda se apresentaram em várias cidades, nós temos trazidos muitos jornalistas estrangeiros para o Maranhão, ano passado, foram 14 jornalistas de diversos países, que fizeram matérias sobre o nosso Centro Histórico, sobre nossos atrativos.
Como o senhor compatibiliza a atividade de presidente de Embratur com a condição de pré-candidato ao governo do estado?
Nós trabalhamos sete dias por semana, a única forma de conseguir essa compatibilização. Implementado o nosso trabalho com a nossa equipe, a qual tem grande qualidade, pois ninguém faz nada sozinho e a equipe da Embratur é muito boa, ao mesmo tempo que mantemos uma equipe política no Maranhão muito boa, representada pelo nosso partido, o PC do B.
Por ser pré-candidato o senhor acha que acaba causando algum empecilho com o governo do estado, uma vez a área de atuação é a mesma na área do turismo?
Da minha parte, não. Pelo contrário, eu sempre mantive e mantenho uma excelente relação com o secretário Jura Filho (PMDB), sempre me dispus a ajudar o governo do estado, sempre apresentando projetos, da minha parte a uma posição republicana. Uma coisa é a disputa política, outra coisa são projetos conjuntos e parcerias que devem ser feitos.
Está surgindo um novo grupo no Maranhão, nomeado por Via Alternativa Popular, atualmente a disputa é polarizado entre o grupo de Sarney e o grupo anti-sarney, o senhor acha que tem espaço para essa nova formação?
Eu acho que todas as alternativas são legitimas. Eu não tenho nenhuma pretensão de monopolizar o espaço da oposição. O campo da oposição é muito amplo, chegando a ser majoritário e acho que todo mundo tem o seu direito de se colocar como candidato, lançar seu ponto de vista, eu tenho uma postura altamente democrática. Em Brasília ocorreu um encontro em que eu, Waldir Maranhão (PP), Domingos Dutra (PT) e o ex-prefeito Deoclides Macedo (PDT) tiramos uma foto e eu brinquei, ‘pronto está resolvido o problema da 3ª via’, pois poderia até dizer que eu estava aderindo a 3ª via, portanto eu tenho muita tranquilidade a isso. Acho que precisamos olhar para frente, esquecer o passado, pensar em um Maranhão novo.
A sua candidatura é definitiva?
Definitivo é só aquilo que Deus determina, hoje sim, se a eleição fosse amanhã, eu seria candidato, mas daqui um ano e meio, temos que esperar, construir juntos, ouvir os companheiros. O que posso dizer que o meu desejo é definitivo, a minha vontade, disposição para essa tarefa. Mas ninguém é candidato a governador sozinho e não é aquele lugar comum da política, que tem que ouvir o povo, não é isso, é a realidade.
Qual a força política que a oposição tem?
A força política que eu tenho é derivada, primeiro de um grupo político muito amplo de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, deputados, sindicatos, movimentos sociais e dessas ideias da mudança, do novo, da renovação, a força política demanda disso e eu tenho uma atitude de muita coragem no enfrentamento dos problemas sociais do nosso estado. E os adversários tentam estigmatizar minha coragem, minha dignidade e como se fosse uma atitude errada, pelo contrário, tenho muita lealdade, muita firmeza naquilo que eu acredito, e essas convicções apontam no sentido de consolidar essas posições ao sistema que está aí há 50 anos e superar essa realidade, o Maranhão pode olhar para frente, pode olhar a diante. Como se fosse uma espécie de um livro que chegou ao capítulo final.
Se o senhor pudesse escolher seu adversário, quem seria o escolhido?
O meu adversário são os problemas do Maranhão, as tragédias do Maranhão, pobreza do Maranhão, o atraso político etc. Qualquer um deles que representarem isso serão meus adversários, eu luto contra um modelo, contra um sistema, luto contra uma realidade e o que impulsiona minha candidatura é a vontade do povo em superar esses problemas, a minha candidatura baseia-se nisso.
Nesse desejo de ser governador, o senhor chega a descartar alguma composição ou aliança?
Eu tenho buscado uma conversa ampla, tenho buscado muitos partidos, eu não tenho nenhum preconceito. Qualquer força política que quiser defender nosso programa de governo será nosso aliado, não temos um ponto de partida de exclusão, pelo contrário nós queremos todas as alianças possíveis para mudar o Maranhão, nós temos um programa claro, um modelo republicano de moralidade, ética, honestidade, desenvolvimento, moralidade…
Então o ponto de partida dessa mudança foi a eleição de Edivaldo Holanda Júnior (PTC)?
Acho que a eleição de Edivaldo foi um momento muito importante, dele e de outros prefeitos muito importante no nosso estado, mesmo entre aqueles que não se elegeram. Hoje eu tenho muita esperança nesse movimento que nós representamos, não somente eu sozinho, mas o nosso grupo, que foi amplamente vitorioso no estado, não somente em São Luís e em muitas outras cidades do estado.
Em 2014 o senhor defende uma eleição plebiscitária?
Não é que eu defenda como vontade minha, a sociedade que está dizendo que ela será plebiscitária, por duas questões, a primeira por conta desse poder duradouro de 50 anos e segundo porque esse poder duradouro legou os piores indicadores sociais, então esse será o plebiscito, ele está posto, continuar o modelo oligárquico, ou supera-lo, nós acreditamos que esse modelo chegou ao seu capítulo final, chegou a hora de escrever uma nova história e não sou que vou escrever sozinho, estou apenas me dispondo a escrever a primeira página.
Então um novo candidato na disputa poderia vir a prejudicar a sua em 2014?
Não. A dinâmica da eleição é decidida pela sociedade e não pelos políticos, a dinâmica da eleição vai ser plebiscitária e como eu já disse, sou um democrata por convicção e na prática, então não posso ser contra a candidatura de ninguém, quem quiser se colocar é uma atitude legítima, eu faço um convite, eu faço um apelo, faço um pedido. Um convite a unidade ampla e unidade das forças da mudança, que haja um espírito de compartilhamento de ideias, de convicções e o convite está lançado nessa entrevista ao ao O Imparcia
Por Robert Lobato 

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