ESCRITORA CANTANHEDENSE ARLETE NOGUEIRA LANÇA MAIS UM LIVRO


A escritora Cantanhedense Arlete Nogueira da Cruz lançou em São Luís, nesta segunda-feira (19), o seu novo livro, intitulado “O Rio”. O evento aconteceu no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, na Praia Grande. Trata-se de uma obra de ficção, uma novela escrita em 1967, após o falecimento de seu avô Paulo Antonio Simão e depois de uma viagem de canoa pelo Rio Itapecuru entre Cantanhede (sua terra natal) e Itapecuru-Mirim.
O livro ficou esperando quase 50 anos para ser editado, merecendo a atenção de intelectuais como Hildeberto Barbosa Filho, Ivan Junqueira, Jorge Tufic, Mario Pontes, Marco Lucchesi, Cláudio Murilo Leal e Antonio Carlos Secchin. “O Rio” tem orelhas escritas pelo poeta e ensaísta Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia.
“Arlete Nogueira da Cruz, escritora admirada, desde A parede [1961], Litania da velha [1996], Contos inocentes [2000], entre outros, debruça-se liricamente, como no eito do poeta Fernando Pessoa, sobre ‘o rio de sua aldeia’. E principalmente a respeito do que vai além desse rio, com sua história, sua carga de paisagem e dor, sua pungente humanidade e geografia. Um rio de gerações e as gerações dos rios. Porque na palavra simples, concisa, límpida e densa de Arlete Nogueira da Cruz, o rio se torna fábula, numa força de poesia, com os seres que o povoam”, afirmou Nejar.
A novela traz capa e ilustrações do artista plástico Péricles Rocha, que captou o espírito do trabalho de Arlete, compondo belas imagens representativas da obra. “O Rio” é o 12º livro de Arlete Nogueira da Cruz e mais um lançamento sob inteira responsabilidade da autora, editado no Rio de Janeiro pela Sermograf, com projeto gráfico de Élio Moraes, da AB Publicidade.
Para escrever um breve texto sobre este novo livro, fui ao encontro da escritora, na manhã deste domingo (18), e mais uma vez o prazer de encontrá-la em sua residência, na Rua Silva Jardim, nº 534, com a sua fragilidade e a sua beleza. Como sempre, extremamente feminina, muito senhora de sua casa.
É fato que Arlete Nogueira da Cruz, mulher do poeta Nauro Machado, vive para sua casa, seu filho, o cineasta Frederico, suas netas Luísa e Júlia e seu marido. Sobretudo para seu marido.
Por vezes, fico a pensar que, sem ela, com a sua suavidade, o seu silêncio e a sua ternura, Nauro Machado não teria sido o que é, como homem público e como grande escritor.
Pois basta uma breve visita à casa do poeta para logo constatar o que Arlete Nogueira da Cruz significa para Nauro Machado, dando-lhe a paz, a compreensão, o silêncio, a mesa arrumada, o computador conectado na internet, sem o que não encontraria, à hora de por a poesia no papel, o seu melhor caminho.
Percebi que, quando aparenta estar deprimido, como esquecido da própria grandeza, Nauro não gosta que se faça elogio à sua obra. Para ele, Arlete é que é a grande escritora. Ela não concorda e reage prontamente:
“O intelectual aqui é Nauro Machado, um grande poeta. Basta-me o título que carrego de ser esposa desse grande poeta. Minha obra, com 12 livros hoje, é apenas um arremedo de literatura”, afirma Arlete em tom ríspido. E logo volta à doçura para falar da poesia de Nauro que, para ela, é um poeta injustiçado.
No início do mês de setembro passado, foi grande a minha alegria porque Arlete Nogueira da Cruz, para reafirmar que é uma dileta amiga, teve a gentileza extrema de vasculhar os guardados de seu arquivo pessoal, para me fazer a doação do suplemento publicado em São Luís em junho de 1995, por ocasião das comemorações dos 70 anos do padre João Mohana (1925-1995).
Cabe frisar que ela ficou inteiramente dedicada a esta tarefa, dia e noite, durante sete meses, debruçada sobre todo o acervo – livros, fotografias, entrevistas e recortes de jornais – que lhe havia sido doado pelo padre Mohana. Na produção deste suplemento literário, Arlete Nogueira da Cruz fez tudo sozinho, mas na publicação contou com o apoio de Carlos Gaspar, Joaquim Haickel, da Universidade Federal do Maranhão e do jornal O Imparcial.
Seu primeiro livro, “A parede”, lançado em 1961, foi escrito quando tinha menos de 20 anos. Josué Montello, que descobriu esse livro numa viagem que fez a São Luís, em 1959, inscreveu-o na Academia Brasileira de Letras, onde obteve o terceiro lugar no Prêmio Júlia Lopes de Almeida, em 1960.
Livros publicados – Arlete Nogueira da Cruz já é dona de uma obra considerável, que inclui os romances “A parede” (1961) e “Compasso binário” (1972); “Cartas da paixão” (pequenos ensaios filosóficos, de 1969), “Canção das horas úmidas” (poesia, de 1975), “Litania da Velha” (1996), “Contos inocentes” (2000), “Nomes e Nuvens” (2003) e Sol e Sal (2006).
Além de edições e reedições, Arlete teve em 1998, graças ao empenho de Ivan Junqueira, sua prosa reunida com o nome de Trabalho Manual (Imago Editora, Rio, 1998), através de um convênio entre a Biblioteca Nacional e a Universidade de Mogi das Cruzes.
Ela tem ainda três livros inéditos: “Na curva da memória”, “Balada dos Nove Meses” e “Rastros e Ruínas”, tese de mestrado sobre Walter Benjamin. A escritora avisa que sua próxima obra será o livro “Poemas Diversos” (antologia), ao qual vem se dedicando ao longo dos últimos meses.
Fonte: Cantanhede Online

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SECRETÁRIO DE CULTURA FAZ EXPLANAÇÃO DA HISTÓRIA DE CANTANHEDE EM PORTUGAL

PREFEITURA DE CANTANHEDE INICIA HOJE RECADASTRAMENTO DO QUADRO DE SERVIDORES

KABÃO COMANDA ESQUEMA DE CORRUPÇÃO NA SAÚDE DE CANTANHEDE - O esquema envolve irmã, filha, amigos, parentes da secretária de saúde e até uma ex-prefeita comunista.