Cantanhede minha terra, minha Paixão 59 anos

Minha homenagem a todos os Cantanhedenses espalhados por tudo o Mundo, um pouco da nossa história extraído do livro do escritor, poeta e historiador cantanhedense, Abraão Teixeira. publicado no site de cantanhede em 24 de setembro de 2009.
 
Em 23 de julho de 1791, o colonizador português, Antonio Lopes da Cunha marcava sua chegada à antiga “Região dos Barbados”.
Subindo as águas do Rio Itapecuru, o português Antônio Lopes da Cunha, procedente de São Luís do Maranhão, veio instrumentado de uma Certidão (Sesmaria), que lhe dava posse de duas léguas de comprido do nascente para o poente, com uma de largo do norte para o sul. O governador e  Capitão-General da Capitania do Maranhão, em nome de Sua Majestade, Maria I, Rainha de Portugal, concedeu a Sesmaria para o agraciado desenvolver o trabalho de lavoura com apoio do braço escravo.
(Carta de Sesmaria de Antonio Lopes da Cunha)
(Carta de Sesmaria de Antonio Lopes da Cunha)















Feito importante foi quando, ao se instalar, Antônio Lopes da Cunha colocou diante de sua casa uma placa, dando nome ao (Sítio) paraíso, que agora lhe pertencia, de Fazenda Cantanhede, homenagem à sua Terra-berço, a então Vila de Cantanhede, em Portugal. Em documentos dos séculos XI e XII, o aglomerado populacional português) aparece designado pelas formas de Cantoniedi, Cantonied, Cantonidi e Cantoniete, que seria variante de um primitivo genitivo e também de Cantonctu, Cantonhedo, Cantonhede, Cantonhedi e, finalmente, Cantanhede. A constituição geológica do solo predominante e a exploração da cantaria como material de construção que se faz nas suas proximidades, poderá levar a supor a correspondência de Villa
Cantonieti, que significaria quinta de canteira ou pedreira de cantaria.
(Feitoria)
(Feitoria)















Voltando à Fazenda Cantanhede, vale ressaltar que em 21 de julho de 1870, pela Lei Provincial n.º 919, a Feira do Itapecuru passou à cidade de Itapecuru-Mirim, ficando o antigo Sítio englobado na área geográfica pertencente àquele município, vindo mais tarde Cantanhede a desenvolver-se como o mais produtivo e rentável povoado itapecuruense. Diante da capacidade de renda, somada à boa vontade de alguns políticos e do povo, em 14 de dezembro de 1948, pela Lei n.º 269, o povoado foi elevado à categoria de vila, com a conseqüente criação do Distrito de Cantanhede. Pouco depois (24 de setembro de 1952), pela Lei n.º 757, desmembrado do Município de Itapecuru-Mirim, transformou-se em Município de Cantanhede, verificando-se a sua instalação no dia 1.º de janeiro de 1953.

(Líster Caldas)
(Líster Caldas)













O deputado Lister Caldas foi o autor do projeto de emancipação de Cantanhede, por este motivo ele é homenageado com a principal avenida da cidade, que leva seu nome. O então governador do Estado, Sr. Eugênio Barros, nomeou o Sr. Benedito Manoel Lopes para o cargo de prefeito interino, sendo criados os cargos que representam o município. Pelo que deu para perceber, depois de longos anos de pesquisas, diante de depoimentos de descendentes de escravos, chegou-se à conclusão que Antônio Lopes da Cunha não veio acompanhado de nenhum parente. Ao chegar na localidade (Sítio), que passou a lhe pertencer, encontrou uma família de negros, que tomou por seus escravos. Pôs o nome de Fazenda Cantanhede ao Sítio, em virtude de ser filho de uma vila portuguesa que possuía o mesmo topônimo.

(Cantanhede Brasil)
(Cantanhede Brasil)















Antônio Lopes da Cunha escolheu para ser encarregado da fazenda o moço por nome Manoel, que os negros tratavam como “Feitor Pai Manoel”, talvez por ser um bom administrador e amigo de todos. Assim estavam abertas as possibilidades de um futuro que se estendeu ao hoje. Antônio Lopes da Cunha tornou-se proprietário das terras com o propósito de trabalhar na agricultura. Como bom senhor que era, tinha a boa amizade dos negros e o lucrativo prazer de ver a produção e a fartura. A maior parte da produção agrícola era enviada para São Luís, pelo Vapor Vitória e pelo Duque de Caxias, através do Rio Itapecuru. As embarcações, ao transportarem a produção agrícola, traziam produtos industrializados, como: café, açúcar, trigo, fósforo, querosene, sal, fumo, tecidos, etc. Antônio Lopes da Cunha construiu três benfeitorias importantes na Fazenda Cantanhede. A primeira, perto da ponte dos Lopes, era sua residência; a segunda era  no lugar Lago do Coco; e a terceira localizava-se no povoado São José ou Pai José, como os negros o chamavam e como todos o chamam até hoje. Esta última foi a que, possivelmente, mais causou satisfação à comunidade da Fazenda Cantanhede.

(Igreja N.S da Conceição)
(Igreja N.S da Conceição)















Católico e bem-religioso, Antônio Lopes da Cunha mandou construir uma capela, à qual deu o nome de Capela da Irmandade. Organizou três datas de festejos: 19 de janeiro (A Festa dos Homens), reverenciava São Sebastião; 1.º sábado de outubro (A Festa das Mulheres), em louvor à Nossa Senhora do Rosário; e 12 e 13 de dezembro (A Festa das Crianças), guardavam Santa Luzia. Devoto dos três santos, com muita dedicação realizava os festejos
todos os anos. Naquelas datas, reuniam-se todos os negros, para, assim, confraternizarem-se. Depois das celebrações, o “Sinhô Antônio” deixava sempre uma mensagem de paz, que, sem dúvida, fortalecia muito o entrelaço de amizade com todos. Era de ver-se aquela negrada toda comendo e bebendo em perfeita irmandade, como simbolizava o nome da capela. Uma das outras virtudes de Antônio Lopes da Cunha foi que, desde o início de sua liderança com os escravos, proibiu rigorosamente que algum dia tomasse conhecimento de desavenças entre eles, pois os queria como irmãos. Também foi expresso ao feitor “Pai Manoel” uma regra que considerava de suma importância para o progresso de seu acordo com a Coroa portuguesa: “Trabalhar é um dever de todos.” A compensação vinha através de fartura, moradia, paz, festas religiosas, nas quais refrescavam suas matérias e espíritos.

(Maria Fumaça)
(Maria Fumaça)













Em 1914 chegava ao povoado os trilhos da Estrada de Ferro que liga São Luís – Maranhão a Teresina – Piauí. A Estrada de Ferro foi a porta que deu entrada  ao desenvolvimento do povoado. Logo começaram a ser construídas habitações às margens da ferrovia, visto que passaram a chegar novos moradores que, agraciados com a planície e a paz do lugar, radicavam-se aqui, na Fazenda Cantanhede. Inicialmente, deram o nome de Rua da Estrada de Ferro à rua paralela à ferrovia, sendo que já existiam muitas casas espalhadas no povoado, e nomearam as primeiras ruas: Rua 1.° de Maio, Rua do Pau-de-Arara, Rua do Cajueiro, Rua do Bacuri, Rua da Cruz, Rua da Estação, etc. O comércio já possuía vida e tomou forma com a substancial renda que a ferrovia deixava junto aos cassacos, tiradores de lenhas, tiradores de dormentes e passageiros do trem que merendavam em Cantanhede. A produção agrícola era uma das fontes que nutria o comércio de Cantanhede, visto que 80% da população ocupavam-se no trabalho rural, na lavoura e criação de animais. Era notável a força comercial que havia em Cantanhede, viam-se casas sortidas de secos e molhados e grandes lojas de tecidos. Nesta boa fase que Cantanhede desenvolvia-se, também vivia grande progresso a localidade Cachimbos, que tinha estação de trem, cartório, agência dos Correios e Telégrafos, subdelegacia e grandes lojas. As ruas de Cantanhede eram arenosas. A principal, era a paralela à ferrovia, com bonitas e frondosas amendoeiras e figueiras, que enfileiradas sombreavam a extensão da rua. Nas margens da ferrovia empilhavam-se grandes quantidades de dormentes para manutenção da estrada e lenha que servia de combustível para a “maria-fumaça”, como era chamada a locomotiva. Ao claro da lua cheia, os meninos e meninas daquelas épocas brincavam de cai-no-poço, bandeirinha, pegador, etc., brincadeiras que às vezes resultavam em namoros.  A estação ferroviária de Cantanhede, além de ser um ponto de partida, era também um ponto de chegada, onde aconteceram muitos encontros e reencontros. A estação ferroviária proporcionou serviços e rendimentos a muitos meninos e meninas daquela época, que vendiam frutas, pratos de comida e tantas outras coisas que lhes rendiam alguns trocados. Atualmente, Cantanhede é uma das cidades da região que mais se desenvolveram, visto que tem tido boas administrações e muitos incentivos dos governos estadual e federal.

Extraido do livro Cantanhede, Sua Gente e Sua História (Abraão Teixeira).
Edição: Luiz Carlos Amaral (Secretário Muncipal de Cultura)

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