COLUNA DO CARLITO
A REJEIÇÃO CASADA
Todo processo sucessório trás nas paredes da gangrena fisiológica a sombra do outro. Se a sombra do poder estiver favorável, bons ventos farão flutuar a candidatura do preterido, mas se a árvore for uma espécie minguada de sombra, que até mesmo os asnos apontem as orelhas para um sentido contrário, o sol causticante será uma tônica constante nos passos da chamada REJEIÇÃO CASADA. No ano passado, houve uma publicitação de que o vereador Paulo Coelho seria a continuação do atual prefeito: "ele é amigo do peito", "ele é leal" ou "ele é a continuação". O que muitos não sabem é que nem em toda mídia o resultado será sempre favorável. O exemplo mais recente foi a peça publicitária de uma marca de carnes que trouxe de volta o maior símbolo da jovem guarda para sentar à mesa da contradição, ou seja, fazer um vegetariano contumaz comer um suculento pedaço de bife. O efeito foi tão contrário, que a agência de publicidade retirou a peça do ar. Quando associaram a imagem do vereador Paulo Coelho ao prefeito Zé Martinho, com Miguel de Cervantes fez entre Dom Quixote e Sancho Pança, alguns, de pronto deram vivas ao sucesso. Mas o desgaste do atual mandatário no momento crucial passou a vigorar com uma moeda em baixa em bolsa de valores. Demissões, obras inacabadas, rompimentos políticos e o dinheiro como uma espécie de câmbio futuro sendo o único discurso capaz de virar o jogo. Os muitos pronunciamentos do atual prefeito, com a alarmante bandeira do particularismo com rush de: "eu não confio em ninguém" ou "qualquer um vai meter o pé na minha bunda" arrepiou os ditames do argumento de que a sucessão deixa de ser uma causa pública e universal para ser uma particular operação de caixa de bar. Os mais experientes sempre dizem que o mandatário por mais desgaste que tenha em suas penas, consegue voar na casa dos 30%, uma resultante confirmada na eleição de 2014, para governador do Maranhão. Estamos à 90 dias do dia 02 de outubro e para alguns defensores da ala de situação, o dinheiro será o único fortificante para que o prefeito Zé Martinho vire o jogo conseguindo diminuir os índices de rejeição e abafar os casos de corrupção que adornam o seu governo, diluído por uma BANCA DE NEGÓCIOS, que por força carnal e cumplicidade financeira afastou os amigos, os aliados, os partidários, dando vez aos extremistas defensores das migalhas do poder com data e hora para acabar e para a uniforme revoada dos que se dizem fiéis ao santo prato. A notória e evidente rejeição não se dá simplesmente pelo fato de se está no poder, mas é também complementada pelo fato de que "eu sou o poder" e o índice nunca visto na história política de Cantanhede, na casa dos 80%, o fantasma da REJEIÇÃO CASADA poderá até ser aniquilado, mas teríamos que voltar à mesa e ao invés de saborear um suculento filé, teríamos que dividir uma saudável salada ou se preferir por força da crise, um Moi de Pimenta com todos que levantaram a bandeira e acreditaram que o poder não contaminaria a cabeça do gestor, os sonhos e a esperança que ainda está no ar.
(Carlito Amaral).
2016 -1992 = 24 ANOS DEPOIS
A política é um instrumento histórico e elevado ao ápice do condicionamento cíclico. A retórica aristotélica remexe o baú e trás de volta a tonalidade de um dos principais aperitivos do campo da disputa plebiscitária, ou seja, a polarização entre duas alas, a da situação e a da oposição. Em 1992, o então prefeito Cidinho Amaral e o governador Edson Lobão ousaram colocar em cheque os pilares do poder da rejeição e apostaram todas as fichas no poder da máquina e não conseguiram derrotar o monstro da não aceitação. Em 2016, 24 anos depois, a dialética da dicotomia está de volta e a população eleitoral se divide entre o sim e o não. O prefeito Zé Martinho, contrariando todos os conselhos e ritos da coerência resolve desafiar a lógica da aceitação. Em 2015, o chefe do executivo local sofreu o primeiro soco de reprovação, quando tentou colocar o vereador Paulo Coelho como presidente da Câmara ao não conseguir convencer nem cinco de seus pares, tendo que recorrer ao mais baixo dos golpes, a traição pelo punhal um terceiro. Somente assim, veio a vitória, mas ficaram as marcas imundas da política rasteira. A insistência continuou, e o prefeito Kabão passa a usar a estratégia de que os proponentes ao cargo ficariam sob suas rédias. Mas logo, o espírito da rejeição foi se tornando algo carnal e aí a cartada de uma pesquisa forjada calaria todos e o povo correria de braços, malas e cuias para os braços do preferido e mais uma vez o milagre não aconteceu. Veio 2016, a esperada decolagem não aconteceu. Em janeiro, acontece o rompimento do pré-candidato Ruivo e o desenho do desespero bate à porta. A solução é buscar o apoio de ex-aliado, o deputado Hildo Rocha. E aí lá vai Kabão sem um pingo de remorso ladeira abaixo, cambaleando para pedir socorro e salvar a pele do indicado da mulher mais poderosa de seu governo. A população reagiu negativamente ao conjunto da obra e o projeto de Zé Martinho e Cláudia Melo, a dama de ferro e protagonista da volta do plebiscito entre aceitação e rejeição sofre mais um vexame. A corrida sucessória toma novos rumos. Em março, a frente de oposição de Cantanhede realiza a primeira pesquisa de intenções de votos e toma conhecimento do real cenário com acentuados apontamentos do monstro da rejeição dupla na casa dos 70% e a verdadeira liderança do Ruivo. Em maio, veio a gota final nas lamentações de Zé Martinho, a declaração de apoio do deputado federal Hildo Rocha ao pré-candidato Ruivo após alguns meses de negociação. Foi uma ducha de água fria nas pretensões de Kabão. No mesmo mês, Zé Martinho desliza mais uma vez para tentar salvar a sua banca de negócios e faz três tentativas com a proposta para Ruivo voltar às suas bases como cabeça de chapa e o seu principal concorrente como vice e recebe um sonoro não. Início de junho, e mais uma prova laboral da catastrófica situação. O percentual de Ruivo aumenta dez pontos e a rejeição casada de Zé Martinho e Paulo Coelho chega ao astronômico percentual de 80%. Se os números não mentem jamais, chegou a hora de esperar as reações da situação e aguardar o somatório da operação 2016 - 1992 = 24 anos depois.
(Carlito Amaral).
muito pertinentes e intelectuais as colocações do blogueiro, gostei muito e continuarei acompanhando a coluna!
ResponderExcluir